Lucas Germano de Azevedo
Como pode a terra não ser o centro do universo? Os astros espaciais não estão nos circulando? O sol não está em movimento? Estes e alguns outros questionamentos embalaram o mundo científico de forma mais evidente por mais de duzentos anos, período entre 1500 a 1700. Este tempo ficou conhecido como Revolução Científica. Espera-se que este trabalho proporcione uma reflexão sobre a importância deste episódio da história da humanidade e do pensamento filosófico e antropológico, pois a Revolução Científica também é conhecida como a revolução que abriu as portas aos novos pensamentos, “ensinou os homens a pensar diferentemente” (BRONOWSKI E MAZLISCH, p. 124)
O homem que estava acostumado com respostas prontas se depara com perguntas que exigiam cada vez mais de sua razão, de seu intelecto. Não dava mais para tardar as respostas, a ciência estava ganhando forças e novas respostas teriam que surgir. Vários autores, pois, foram de extrema importância no labor científico. Dentre eles podemos citar três: Copérnico, Kepler e Galileu.
Copérnico (1473 – 1543), que surge como grande expoente de pensador nesse meio, deixa de lado o antigo modelo de Ptolomeu, que era de que a “Terra se encontra imóvel no lugar central do universo” (MARCONDES, 2002, p.149) e passa a um novo modo de concepção deste, não sendo mais a Terra o centro, mas sim o sol. Este, por sua vez, era uma estrela e não estava sozinha no universo. Com isto, ele mostra a muitos de seus contemporâneos que pensar novas teorias e estudá-las é possível. A partir da inauguração de Copérnico, várias teorias acerca do universo foram publicadas na época da revolução.
Lançando suas teorias em 1609 e 1619, Kepler (1571 – 1630) desbanca a visão dos antigos gregos e mostra que “os planetas se movem segundo uma elipse e que o sol é um dos focos dessa elipse” (BRONOWSKI E MAZLISCH p.133), uma visão que ia totalmente contra o teocentrismo, o poder do criador revelado na criatura; a Terra como centro do universo.
Galileu Galilei (1564 – 1642) inaugurou o método empírico, possibilitando a experiência nas ciências. Como os outros teóricos de seu tempo, ele também enfrentou dificuldades para estudar e expor suas idéias, sendo posteriormente até condenado por heresias pela Igreja. Galileu, em uma de suas cartas, comenta:
Eu creria que a autoridade das Sagradas Letras tivesse tido em mira somente persuadir os homens daqueles artigos e preposições, que, sendo necessários para a salvação e superando todo discurso humano, não podiam por outra ciência nem por outro meio se tornar críveis, a não ser pela boca do inteiro Espírito Santo. (REALE, ANTISERI, p.221, 2006)
Mais tarde ele iria comentar também a respeito do Espírito Santo dizendo que a intenção do mesmo é mostrar as coisas do céu e não as coisas que estão no céu, deixando claro que a Igreja tem que se preocupar com a fé e deixar que outros cuidem das ciências.
A busca incessante pela verdade que é exercida principalmente pelos filósofos deve muito à Revolução Científica, pois servindo como aquela que abre a porta para a aceitação do novo, permitiu que os filósofos expusessem novas teorias a respeito de diversos problemas filosóficos.
O uso da razão, então, não seria mais uma coisa fadada à condenação, serviria para dar explicações lógicas a efeitos que diziam ser puramente transcendentes. Conciliar o uso da razão com o da fé ajuda a responder várias proposições indicadas pela sociedade que quer respostas cada dia mais rápidas e resoluções imediatas.
Bronowski e Mazlisch (1960, p. 124) no livro “A Tradição Intelectual do Ocidente” dizem que “ a Revolução Científica brilha sobre tudo desde o aparecimento do cristianismo e reduz o Renascimento e a Reforma ao nível de meros episódios”. Então, dizer que a Revolução Científica não marcou a história do mundo seria o mesmo que cometer um erro fatal e não valorizar o empenho que vários tiveram para que o mundo conhecesse mais sobre ele mesmo.
O legado da Revolução Científica, como já dito antes, é sentido nas diversas correntes filosóficas de nossos tempos. Mas os filósofos expoentes da Revolução Científica não eram bem aceitos e mal compreendidos em sua época, diferentemente dos pensadores contemporâneos que podem expressar mais facilmente suas idéias. Com tudo isso, todos aqueles autores que brilharam na Revolução Científica parecem ainda hoje querer ecoar seus brados a tantos outros que desejam expor suas ideias e seus conhecimentos, mostrando-lhes que pensar é necessário para o desenvolvimento do mundo.
Referências
BRONOWSKI, J. e MAZLISCH Bruce. A tradição intelectual do ocidente. Lisboa: Edições 70, 1960.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.
REALE, Giovanni, ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Petrópolis: Vozes, 2006. V. 3.
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oi
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mt bom;+ podria ser melhor………..lucas.