Gustavo Inácio de Souza
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Muito se relata a respeito de Galileu Galilei, suas descobertas físicas e astronômicas, pois ele foi um gênio da revolução científica no século XVII, foi um astrônomo de grande importância pelas observações pioneiras que fez com o telescópio. Suas observações trouxeram novas descobertas e se tornaram um modo mais empírico de estudar os fenômenos da natureza. Sua maior contribuição à ciência por sinal, não está numa descoberta particular, mas o fato de ter reabilitado em novas bases o método experimental. Exemplo disso é que Galileu não inventa o telescópio, apenas o aprimora, entre outros inventos.
Galileu Galilei nasceu em Pisa em 1564, época na qual o conhecimento era baseado sobretudo no contexto escolástico- aristotélico, ou seja, o contexto da época defendia um realismo metafísico, segundo o qual o conhecimento atinge verdadeiramente o ser, enquanto em si ou difunde a sua inteligibilidade por tudo o mais.
Galileu criou três princípios para a observação da natureza: a observação dos fenômenos naturais; a experimentação; e o terceiro método que o correto conhecimento da natureza que exige que se descubra sua regularidade matemática (GALILEI, 1978, p.96).
No método de observação, ele passou a observar os corpos celestes, deixando de lado à astronomia aristotélica que defendia a perfeição dos corpos celestes, esta era pensada num universo perfeito, finito e fechado. A teoria aristotélica descrevia orbitas uniformes cujos corpos celestes eram constituídos exclusivamente de éter, o que para Aristóteles, os faziam seres perfeitos e homogêneos. No entanto a observação das manchas solares, os satélites de Júpiter e as montanhas e crateras da Lua, destruiu essa teoria e mostrou que a perfeição dos corpos celestes não deveria ser levada em consideração pelos astrônomos.
A respeito do método da experimentação, conta-se que Galileu sobe a torre de Pisa a fim de mostrar como era incorreta a afirmação de Aristóteles que os corpos mais pesados deveriam cair com maior velocidade. Aristóteles imaginava fato explicado pela doutrina dos quatro elementos – Terra, água, ar e fogo. Cada elemento possui seu lugar próprio. O elemento Terra (sólido) fica em baixo. Portanto os objetos sólidos dirigem-se, naturalmente, para baixo e os mais pesados chegam primeiro.
Muitos pensadores já questionavam a validade de tal hipótese. Galileu propôs a realização de uma experiência para resolver definitivamente o conflito – o lançamento de esferas de pesos diferentes do alto da torre de Pisa (alguns autores consideram uma lenda a realização de tal experiência). Este método consiste no de usar vários experimentos para chegar a conclusão desejada, com esse método deixa-se de usar o suposto, para praticar o empirismo. A importância deste método trouxe grandes avanços científicos e tecnológicos para a modernidade, levando em conta que muitos cientistas utilizam do método de experimentação para desenvolver remédios e avanços no campo da ciência, pois várias invenções, se não todas, passam por experimentos ou testes físicos.
Por fim, no terceiro método é o uso da matemática nas ciências experimentais. O processo científico exige a aplicação do método resolutivo, que resolve os dados observados no seus elementos e em relações matemáticas.
A partir dessa conjectura deduzo – preferencialmente com o emprego da Matemática – conclusões particulares. Por exemplo: posso demonstrar matematicamente que, se os corpos caírem com velocidade uniformemente acelerada, sem sofrer resistência, os espaços percorridos em intervalos iguais de tempo estarão entre si como os números ímpares: 1, 3, 5, 7… Isto é, no primeiro segundo caem de uma certa altura h; no segundo, 3h; no terceiro, 5h. (GALILEI, apud REALE, ANTISERI).
Ao publicar seu princípio, Galileu confrontou não só as teorias metafísicas e astronômicas de Aristóteles, como também o finalismo escolástico da época. Ambas as linhas acreditavam que tudo que ocorre na natureza era para plano superior. Com sua teoria ele demonstrou o engano da teoria lógica e dedutiva da filosofia, quando usado para explicar os fenômenos físicos.
Galileu então distingue o campo próprio da filosofia, da religião e da ciência: da religião as ciências religiosas; da filosofia as verdades ontológicas; da ciência as verdades naturais. Segundo Galileu, o instrumento da ciência é a experiência, não o raciocínio que serve para suprir onde a experiência não pode chegar. Muito menos a lógica que serve para conhecer os discursos e as demonstrações já feitas ( MONDIN, 1981, p.58)
Sua busca intensa ao saber, seu desejo em conhecer e descobrir, o levou a fazer grandes descobertas, por isso, Galileu se torna não só físico, astrônomo, mas também filósofo, como ele mesmo cita em uma de suas cartas: “Quero acrescentar apenas isso: que eu me sinto seguro de que, se Aristóteles voltasse ao mundo, ele me receberia entre seus seguidores”. (apud REALE, ANTISERI, 2004).
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Referências
GALILEI, Galileu. O Ensaiador. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os Pensadores)
MONDIN, Batista. Curso de filosofia. São Paulo. Edições paulinas, 1981.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. Historia da Filosofia, vol. II. São Paulo: Paulus, 2004.