Daniel Filipe da Silva
A Psicologia, até pouco tempo, não tinha noção alguma acerca dos fatos inconscientes propriamente ditos. Apenas falava dos fatos subconscientes e conscientes- o que está na mente agora- e eles eram estudados em conjunto, na vida psiquíca. Eram conhecidos pelos seus efeitos, pois “não se preocupava com a elaboração dos processos mentais” (SILVA, 1970.p.42).
Logo, é perceptível que, até então, os fatos inconscientes não eram objeto de estudo direto, embora não se negasse a sua existência pela apreciação de seus resultados no todo psíquico, visto que se atinha “ao estudo de suas manifestaçoes” (SILVA, 1970. p.43).
Mas o que se deve compreender, quando se fala de fenomenos subconscientes? São os que, a qualquer momento, podem se tornar conscientes, visto que “ficam na fímbria da consciência, enquanto um deles ocupa o centro da vida conscinte, focalizado pela razão” (SILVA, 1970.p.42).
Desse modo, quando uma pessoa concentra a sua em algo que está fazendo, todo fato subconsciente que vivem em torno da consciência são afastado do centro da atenção, mas, caso se fale algo importante, a pessoa que estava concentrando a sua atenção em outra coisa consegue ouvir, de modo subconsciente.
Outro fato que ilustra bem o que é o subconsciente é o exemplo de que quando alguém faz uma pergunta ao outro e este, por sua vez, sabe qual é a resposta, porém é como se ela estivesse “na ponta da língua, mas ele não consegue expressá-la”.
Após um tempo, tal resposta se torna algo nítido para ele e essa pessoa se pergunta o porquê de isso acontecer só agora. Eis aí a resposta: a expressão “está na ponta da língua, mas ele não consegue expressá-la”, demonstra, exatamente, que os fatos subconscientes ficam na fímbria da consciência à espera de se tornar algo consciente, eles vão e voltam à consciência.
De um certo modo, é como se houvesse algo, na mente humana, que perseguisse esses fatos subconscientes, “ como pequeninos traidores da nossa vida psíquica consciente” (SILVA, 1970. p.44). Desse modo, até Freud, “a Psicologia só estudava o todo psíquico. Os fatos subconscientes vivem, por assim dizer, em plena consciência” (SILVA, 1970.p.44). Diante disto, Freud prova a existência do inconsciente e destaca a importância
Mas, para que se reconheça também tal importância do inconsciente os fatores que levaram Freud a chegar a essa conclusão. Primeiro quanto a Freud, inicialmente, ele se formou em 1873 em medicina, como neurologista, em Viena, sonhava ser apenas um pesquisador, porém devido a necessidades econômicas e, por querer se casar, resolveu tornar-se clínico e psiquiatra.
Com o passar do tempo, ele foi tendo contato com pessoas que tinham diferentes doenças como: cegueira, mas que, ao passarem por uma análise clínica, não se detectava nenhum tipo de deformação no tubo ocular. Situações, como esta e outras, tiram-lhe a paz interior.
Devido a essa inquietação interior, ele se une a Charcot em sua pesquisas realizadas por meio da hipnose, em Paris, e isso possibilitou aprofundar mais suas pesquisas acerca do que que depois ele mesmo a chamará de patologias.
Ele percebeu que, no momento em que a pessoa ficava hipnotizada, os sintomas das doenças não se manifestvam, o que demonstrou que elas eram de nível patológico. Isso fez com que se notasse a presença do inconsciente, que, até então, não era analisado.Tais doenças estavam relacionados a experiências traumáticas do passado.
Deve-se afirmar que o uso da hipnose foi muito importante, porém apresentou falhas, uma vez que, após terminar a sessão hipnótica, os sintomas se manifestavam novamente. Então, Freud dá um passo importante que é o de, junto com Breuer, desenvolver o Método de Livre Associação, que funcionava da seguninte maneira: o paciente ia dizendo as palavras sem ordená-las pela mente, dizia-as livremente e o analista as associava e sendo assim tinha um melhor acesso ao inconsciente.
E, ao acessá-lo, ele pôde perceber que, no inconsciente, estão presentes energias instintivas que a razão desconhece e, além delas, há também experiências traumáticas que foram deletadas da consciência e mandadas para o inconsciente. Essas experiências são a-temporais e que, ainda que o tempo passe, elas sempre sempre continuam com mesma energia. E uma prova disso é que quando a pessoa fala de alguns fatos marcantes do passado, ela chora, como se tivesse revivendo a situação.
Para Freud, o inconsciente é a maior parte da nossa estrutura mental e o que nele está armazenado exerce grande influência em nossas ações, já que, para ele, nada do que o ser humano faz ou fala é por acaso, devido a existência de um determinismo psiquíco, que fruto da psicogênese- processos históricos que levaram a formação da estrutura psiquíca .
Refrência
SILVA, Gastão Pereira da. Enciclopédia de psicologia e psicanálise: para compreender Freud. 2ªed. Belo Horizonte: Itattiaia Limitada, 1970.
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Prezado Daniel Filipe da Silva,
Realizo no Clio-Psyché/UERJ pesquisa de PDJ sobre a importância e as implicações da divulgação da psicanálise através das mídias (da época) por Gastão Pereira da Silva. Lendo seu post gostaria de entrevistá-lo. O motivo é que apesar de Gastão não estar em evidência, ou mesmo encontrar-se em ostracismo, em diversas buscas na Internet o encontro como referência bibliográfica. Seu texto cita Gastão, ou melhor, apenas Gastão. Sua resposta em muito contribuirá a pesquisa. É válido saber os motivos da escolha de uma obra de Gastão assim como informar como vc o conheceu .
Na historiografia da introdução da psicanálise no Brasil, ele ainda é um autor insuficientemente investigado. Minha pesquisa tem se deparado com internautas acadêmicos e leigos que o citam ou escrevem sobre ele. Tais manifestações são ainda desconhecidas dos estudos sobre o seu papel e desempenho na divulgação da psicanálise, da mesma maneira que Gastão Pereira da Silva ainda não tem uma biografia como resultado de uma pesquisa.
Sua resposta auxiliará a conhecer a longevidade da obra deste autor esquecido que, no entanto, comparece em diversos sites e blogs.
Aguardo teu contato por e-amil ou telefone.
Estou à disposição para detalhamento sobre a pesquisa.
Att,
Heloisa Seelinger
Programa de Estudos e Pesquisa em História da Psicologia Clio-Psyché/UERJ
21-2334.0830 Clio-Psyché