Júlio César Divino Vigiano
“A morte é um limite”? Eis a pergunta que está presente na mente de muitas pessoas, e que gera angústia ao tentar respondê-la, uma vez que nós não estamos preparados para aceitar este acontecimento que está presente em toda criatura. Muitos foram os filósofos que buscaram uma reflexão mais profunda acerca deste tema, entre eles um chamou nossa atenção, Jean-Paul Sartre. Sartre a respeito da morte fala que ela é um fenômeno individual, ou seja, outra pessoa não pode experimentar em meu lugar. Mas não sabemos a hora de nossa morte, esta é uma critica que o filosofo faz ao cristianismo,
Desse modo, espera-se recuperar a morte metamorfoseando-a em “morte esperada”. Se, com efeito, o sentido de nossa vida converte-se em expectativa da morte, esta, ao sobrevir, nada mais pode senão colocar sua marca sobre a vida. Infelizmente, são conselhos mais fáceis de dar do que seguir, não por causa de sua fragilidade natural da realidade humana ou de um projeto originário de inautenticidade, mais sim por causa da própria morte. Com efeito, pode-se esperar a morte em particular, mas não a morte (SARTRE,1997, p.654) .
Para Sartre, o homem é condicionalmente livre, quando ele nasce ele não é nada, e ele retorna ao nada quando morre. E, no entanto, para o filósofo o homem é somente o que ele consegue ser ou fazer em sua existência, o que ele consegue fazer de sim mesmo. Com isso, Sartre diz que a morte é: “nadificação de todas as minhas possibilidades, nadificação essa que já não mais faz parte de minhas possibilidades” (SARTRE, 1997, p.658). Mas ao mesmo tempo que Sartre diz que o homem é livre, ele refuta essa liberdade, pois o mesmo não poderá escolher morrer ou ficar vivo, e com isso é negação da liberdade, porque o homem não poderá escolher, neste caso, e se apresenta em uma angústia, que o acompanhará ate o seu último suspiro.Com isso, a morte se torna um fenômeno absurdo, pois , como já fora dito, não se pode escolher não morrer, e isso é uma negação da existência, uma negação da liberdade. E com isso, Sartre conclui que:
O ser é livre apenas em sua existência, mas a morte é a negação dessa existência e a devolução (involuntária) do ser ao nada. Assim, a morte retira da existência toda a sua significação. Todavia, é necessário que o ser humano construa uma existência que tenha significado, edifique uma vida que valha a pena ser vivida do contrário a morte será ainda mais absurda (OLIVEIRA, 2009, p.58).
Com essa afirmação, podemos concluir que, devemos nos esforçar para viver autenticamente, para que quando a morte vier ela seja menos absurda e assim não vivemos somente na angústia, mas em uma aceitação de que não somos totalmente livres. Muitas pessoas evitam falar sobre a morte, porque, gera angústia, mais este não é o caminho, uma vez que ela é inevitável, então falando ou não falando sobre a morte nós vamos morrer, no entanto, devemos parar pra pensar sobre o nosso morrer, para quebrarmos este nosso “medo” da morte.
Com todas estas informações já podemos responder à pergunta que foi mencionada no início deste texto. Foi perguntado se a morte é um limite, e chegamos à conclusão de que é uma situação limite que não podemos escolher, e ao mesmo tempo a morte limita o ser humano em suas atitudes. Sartre afirma que “não sou livre para morrer, mas sou um livre mortal” (SARTRE, 1997, p. 671), portanto não somos de fato livres para escolher morrer ou continuar a viver, mas que mesmo não podendo escolher esta condição somos livres mortais, pelo simples fato de morrermos. Com isso, todos nossos projetos devem ser realizados sem frustrações mesmo que certos de nossa morte.
Não poderíamos pensar a morte, nem esperá-la, nem nos armamos contra ela; mas também nossos projetos, enquanto projetos – não devido à nossa cegueira, como diz o cristão, mas por princípio- são independentes dela. E, ainda que haja inúmeras atitudes possíveis frente a este irrealizável “a realizar além do mais”, não cabe classificá-las em autênticas, posto que, justamente, sempre morremos “além do mais” ( SARTRE, 1997, p. 671).
Concluindo, podemos dizer que a morte é o fim último do ser humano devido a sua limitação que lhe é própria e por sua ausência de liberdade em relação à morte. E na visão sartreana, a percepção de morte é pessimista, pois para nosso filósofo a morte é uma negação da vida, negação da sua própria existência, em suma, é um absurdo. Mas ao contrario, parar para fazer uma reflexão sobre a morte é ao mesmo tempo aceitar sua finitude e preparar para a sua chegada. Ao refletirmos sobre a morte também traz como consequência refletirmos sobre a vida, sobre o valor da nossa vida, diante da sociedade, e vale pensar se estamos vivendo, preocupados em ter ao invés de ser, e como uma pessoa livre chega a ponto de aceitar sua condição de morrer como fim último do ser humano. E no findar de nossas reflexões podemos concluir que a morte é a única e verdadeira certeza que o ser humano possui em sua existência.
Referências
SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica. Tradução de Paulo Perdigão. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
OLIVEIRA, Manoel Messias de. A morte: plenificação ou nadificaçao. Poros, Uberlândia, v. 1, n. 1, p. 51-62, 2009. Disponível em: http://200.233.146.122:81/revistadigital/index.php/poros/article/viewPDFInterstitial/88/78. Acesso em: 21 out. 2011.
#
Olá ,boa noite!
Obrigada pela oportunidade de apresentar este lúcido comentário de um dos maiores filósofos deste século ,Swami Prabhupada e,como voces podem ver,ele está muito além da confusão empírica,é digno de um olhar sem preconceito.
dehino ‘smin yatha dehe
kaumaram yauvanam jara
tatha dehantara-praptir
dhiras tatra na muhyati
“Assim como a alma encarnada passa seguidamente neste corpo da infância à juventude e à velhice, similarmente, a alma passa para outro corpo após a morte. Uma pessoa sóbria não se confunde com tal mudança.” (Bg. 2.13)
Nessa aula, Srila Prabhupada explica que não somos esse corpo. Esse é o primeiro entendimento que devemos ter acerca de nossa natureza espiritual. Os materialistas apenas desejam obter para si o melhor conforto para este corpo. Assim que caímos no conceito corpóreo de vida, imediatamente existe a necessidade de gratificação dos sentidos. Logo, todos nessa era tem como principal ocupação a gratificação dos sentidos. A filosofia ocidental é o hedonismo, que é comer, beber, festejar e aproveitar.
Se voce tem dúvidas por favor entre em contato comigo
karuna@ibest.com.br
skype karunadasi
Estudante de Letras na Estácio de Sá.
#
Uma excelente leitura para os dias atuais e muito peculiar o finalzinho do artigo que nos deixa uma reflexão sobre o fim da existência : será que ao questionar-se sobre a morte, já nos estaríamos a aceita-la como fim?