Luiz Jaques Moreira
Resumo: O presente artigo tem por objetivo apresentar uma análise do problema da metafísica kantiana na Crítica da Razão Pura. Para tanto, a reflexão inicial partirá da intenção kantiana de elaborar uma filosofia crítica. Em um segundo momento, será examinado o estatuto da metafísica na primeira crítica kantiana. Na sequência, discutiremos a possibilidade de compreender a metafísica como disposição natural da razão, bem como sua reconfiguração a partir do pensamento de Immanuel Kant. Desse modo, o presente estudo propõe uma síntese do problema da metafísica kantiana e da possibilidade de repensá-la no contexto pós-kantiano.
Palavras-chave: Kant, Crítica da Razão Pura, Crítica, Metafísica, Disposição.
A INTENÇÃO KANTIANA COM A IDEIA DE CRÍTICA
O termo Crítica está presente em três livros escritos pelo filósofo Immanuel Kant. Mas afinal, o que pretendia Kant ao escrever três Críticas? A primeira, e talvez a mais famosa, nos ajuda a entender um pouco melhor o projeto crítico kantiano e quais são as suas pretensões. A Crítica da Razão Pura, propõe-nos refletir acerca da metafísica, teoria do conhecimento e outros temas por Kant apresentados. Mas qual é o problema apresentado por Kant para escrever uma Crítica? Qual o problema das teorias tradicionais? Na verdade, “o que conduz Kant a ideia crítica não foi a rejeição das conclusões metafísicas, e, sim, a consciência da incerteza dessas conclusões, e da fraqueza dos argumentos em que se assentavam” (Pascal, 2011, p.29).
Assim, segundo Kant, a metafísica tradicional:
Se lança na escuridão e em contradições que pode até dirimir, supondo que alguns erros estejam ocultos em seu fundamento, mas não consegue descobri-los por que os princípios de que se serve, na medida em que extrapolam todos os limites da experiência, já não reconhecem nesta qualquer pedra de toque. O campo de batalha dessas intermináveis querelas chama-se metafísica (KpV, A VIII-IX).
Portanto, nota-se assim a fraqueza apresentada pela metafísica tradicional. Outrossim, “diferente da receptividade que têm a física e a matemática, duas ciências com grande capacidade de gerar consenso, tudo que a metafísica consegue produzir é conflito. Apesar disso, na medida em que não podemos ficar indiferentes a ela e suas disputas” (Corôa, 2019, 43). Assim, a razão enreda-se em contradições que são inevitáveis, conhecidas na filosofia kantiana como antinomias, de modo que, as disputas não chegam ao fim. Desse modo, a “pedra do toque” da verdade é a experiência, e sem ela – a metafísica – apenas um mero jogo de especulação (imaginação).
Essa crítica à metafísica tradicional pode ser percebida em outros livros escritos por Kant, como por exemplo nos Prolegômenos. Em uma confissão apresentada no prefácio do livro, o filósofo alemão afirma: “confesso francamente: foi a advertência de David Hume que, há muitos anos, interrompeu meu sono dogmático e deu às minhas investigações no campo da filosofia especulativa uma orientação inteiramente diversa” (Prol, AA 04: 13).
Essa perspectiva kantiana, inspirada em parte pelo empirismo cético proposto por Hume, coloca em crises as bases racionalistas apresentadas por Leibniz e Wolff. Essa perspectiva apresentada pelos filósofos racionalistas dogmáticos apresentam a possibilidade de se conhecer as coisas sem precisar da experiência. Assim, Kant, com seu projeto crítico, apresenta as contradições de uma metafísica tradicional e a sua falta de solidez. Dessa maneira, “o empirismo cético de Hume e, em particular, a sua crítica da noção de causalidade, tornava incertas as posições do racionalismo dogmático” (Pascal, 2011, p.30).
O PROBLEMA DA METAFÍSICA NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA
A história da filosofia, em muitos momentos, afirma que o fim da metafísica se deu depois da filosofia crítica do filósofo alemão Immanuel Kant. Seria então Kant responsável pelo fim da metafísica tradicional? Segundo o filósofo alemão “houve um tempo em que ela era chamada a rainha de todas as ciências; e, se a intenção for tomada pelo ato, então ela mereceria de fato, devido à elevada importância de seu objeto, esse título honorífico” (KrV, A VIII-IX).
Sendo assim, percebemos que a filosofia kantiana está dialogando com a tradição clássica aristotélica e escolástica. Esse aspecto importante reforça a ideia de que Kant está a criticar a Metafísica dogmática que era proposta pelos autores já citados. Nota-se que, na tradição clássica, a metafísica era a ciência suprema (Deus, alma, mundo). Contudo, na filosofia moderna há uma grande problemática acerca deste tema. Desse modo, para Kant, a metafísica nunca conseguiu atingir os resultados propostos por ela, e assim, se faz necessário a necessidade de uma Crítica da Razão Pura.
Assim sendo, “desde então foi reproduzida à exaustão a imagem de Kant como o destruidor da metafísica – ou, ao menos, como aquele que preparará o terreno para tanto. De forma correspondente, os esforços para rebater esse juízo não foram menos frequentes e combativos” (Trevisan, 2014, p.105). Esse aspecto muitas das vezes foi utilizado para falar do fim da metafísica, interpretações colocam o filósofo iluminista como aquele que descontrói a metafísica, e em outras interpretações o colocam como aquele que reconstrói a metafísica, propondo uma transição entre a metafísica ontológica para a metafísica epistemológica.
Um aspecto importante a ser apresentado é a visão neokantiana proposta por Heidegger. Segundo Heidegger (1991, p. 274-275), “Kant não desejava fornecer uma teoria da ciência da natureza, mas, antes, desejava indicar a problemática da metafísica e, decerto, da ontologia”. Outrossim, nota-se que Heidegger está apresentando uma proposta contra o neokantismo. Essa proposta apresentada por Heidegger propõe uma reinterpretação acerca das Críticas apresentadas por Kant.
Em outros momentos da filosofia encontramos com os críticos do filósofo de Köniqsberg a possibilidade de se pensar o fim da metafísica. Segundo Fernando Costa Mattos “Kant teria possibilitado enxergar a metafísica não mais como um saber daquilo que estivesse ‘além da física’, mas sim como um saber daquilo que, ‘aquém da física’, nos permitiria agir e pensar independentemente da física” (Mattos, 2009, p.62). Essa perspectiva difere radicalmente da ideia de metafísica apresentada pelos filósofos clássicos, como Platão, Aristóteles, Leibniz e Wolff. Assim, Kant rompe com uma tradição de uma metafísica clássica, na qual a metafísica era entendida como além da experiência.
Portanto, no primeiro momento, percebemos que a pergunta central para nós poderia ser formulada da seguinte forma: “seria o sentido de ‘metafísica’ utilizado tanto pelos seus defensores como pelos seus detratores o mesmo empregado por Kant? E mais: haveria em Kant um sentido unívoco de metafísica? (Trevisan, 2014, p.107). Essa pergunta nos faz, portanto, distinguir as críticas feitas pelos neokantianos e a leitura feita por Heidegger. Outrossim, estas perguntas fundamentam ainda o debate entre o Kant destruidor e o Kant renovado.
O problema da metafísica na filosofia kantiana está diretamente ligado à primeira Crítica escrita pelo autor, a saber: a KrP. Conforme Paulo Roberto Licht dos Santos, a primeira Crítica apresenta consigo um fator importante para “a legitimação dos conceitos cardinais da metafísica especial e a abertura para a construção da metafísica como ciência prático-dogmática do supra-sensível” (2008, p.179). Este aspecto apresentado por Santos propõe-nos o aspecto positivo da desconstrução apresentada por Kant, justificando assim uma não destruição da metafísica.
Outro aspecto a ser lembrado é a “[…] tarefa negativa da Dialética supõe precisamente a parte positiva, isto é, que a crítica efetiva à metafísica dogmática tem como condição prévia o inventário sistemático das ideias transcendentais” (Santos, 2008, p.143-143). Sendo assim, percebemos que a filosofia kantiana parte de uma base crítica à metafísica dogmática, apresentando assim uma prerrogativa para as condições apontadas por Kant como transcendentais.
Sendo assim, percebemos que “o fim próprio dessa obra é determinar os limites da razão, e seu conteúdo mostra como a razão transgride inteiramente esses limites toda vez que afirma algo sobre a realidade de qualquer coisa” (Garve 1991, p. 35). Garve está se referindo assim à primeira crítica kantiana. Nesta afirmação Kant delimita os limites da razão, fazendo com que algumas interpretações proponham que o filósofo iluminista teria apontado o fim da metafísica, porque com essa delimitação não se poderia pensar em Deus, alma e o mundo.
A METAFÍSICA COMO DISPOSIÇÃO NATURAL DA RAZÃO
Ao longo de toda a história da filosofia metafísica, observa-se que inúmeros autores afirmaram que o ser humano possui uma disposição orgânica para o conhecimento. O filósofo grego Aristóteles afirma que “Todos os homens, por natureza, tendem ao saber” (metafísica, 980a, 20-24). A esplêndida frase escrita por Aristóteles inicia um novo capítulo na história da filosofia antiga, ainda de modo mais especial no que se diz respeito à Metafísica[1]. Uma frase, relativamente simples, aos olhos desatentos, mas que na verdade é repleta de significados. Esta frase inicia o célebre livro intitulado Metafísica de Aristóteles. Neste sentido, de modo sistemático, o ilustre discípulo de Platão sinaliza com a frase a necessidade da qual todos os seres humanos são dotados, a saber: a necessidade de conhecer.
Outro fato importante acerca da filosofia aristotélica é de que “a experiência se limita ao dado, a arte vai além do dado e alcança o porquê dele, a sua causa” (Reale, 2002, p. 10). Essa distinção – entre conhecimento empírico e investigação racional – apresentada pelo filosofo grego é notória no idealismo alemão. Na Crítica da Razão Pura, Kant irá estabelecer os limites para o conhecimento humano. Esse conhecimento que se dá no tempo e no espaço, além da necessidade da liberdade da razão.
O filósofo de Königsberg afirma que
a razão tem de submeter-se à crítica em todos os seus empreendimentos, e não pode comprometer a liberdade desta, através de proibições, sem prejudicar-se a si mesma e levantar uma suspeita desvantajosa contra si. E não há nada tão importante, no que diz respeito à sua utilidade, nem nada tão sagrado, que pudesse eximir-se dessa inspeção de controle e exame que não leva em conta a reputação das pessoas. Nessa liberdade está baseada a própria existência da razão, que não tem uma autoridade ditatorial, e cuja sentença, pelo contrário, nunca é outra senão o livre consenso dos cidadãos, que têm de poder sempre, cada um deles, expressar tanto suas reservas como também seu veto em qualquer resistência (KrV, B766-767).
Kant, portanto, afirma que a metafísica deve ser ininterruptamente criticada pela razão. Portanto, não pode haver restrições para a investigação racional, porque a própria essência da razão é a liberdade de se questionar em relação ao dogmatismo. Em conformidade com a filosofia crítica kantiana, percebe-se que a liberdade da razão se dá quando ela se permite fazer e receber críticas. Assim, a crítica e a participação de todos são fundamentais para a elaboração de um pensamento metafísico robusto.
Outro ponto fundamental na crítica kantiana é o direito sagrado da razão humana. De acordo com Immanuel Kant:
a essa liberdade pertence também, portanto, a liberdade de oferecer ao julgamento público os próprios pensamentos e dúvidas, que não conseguimos solucionar por nós mesmos, sem sermos acusados por isso de sermos cidadãos revoltosos ou perigosos. Isso já faz parte do direito originário da razão humana, que não reconhece outro juiz senão a própria razão humana universal, em que cada um tem sua voz; e como dela deve brotar todo melhoramento de que nosso estado é capaz, tal direito é sagrado e não pode ser restringido (KrV, B780).
Segundo esse método, Kant afirma que o limite do conhecimento está vinculado à comunicação e ao debate público. Esta afirmação está diretamente ligada à delimitação do pensar humano. Apesar de muitos filósofos e comentadores afirmarem que a KrV é uma obra metafísica ou pertencente à teoria do conhecimento, nota-se que a liberdade é condição fundante para o Estado e a ética. Outro fato importante a ser ressaltado é a necessidade de a razão continuar a exercer seu papel na filosofia kantiana, não só na ética e na política, mas também em relação à metafísica.
Finalmente, Kant ainda afirmou que o conhecimento filosofia – metafísica não pode ser conhecido como a matemática: “dentre todas as ciências (a priori) da razão, portanto, só se pode aprender a matemática, e nunca a filosofia (a não ser historicamente), ainda que, no que diz respeito à razão, se possa – quando muito aprender a filosofar […] só se pode aprender a filosofar” (KrV, B865).
Portanto, na filosofia kantiana, a crítica deve ser instrumento constante em toda a reflexão filosófica. A metafísica, sendo disposição natural da razão, só poderá desenvolver-se a partir de críticas, questionamentos e debates públicos, permitindo assim que a razão humana se desenvolva.
RECONFIGURAÇÃO DA METAFÍSICA A PARTIR DE IMMANUEL KANT
Uma vez posto o problema da metafísica a partir da crítica apresentada por Kant, iremos a partir de agora apresentar como ele propõe essa nova característica da metafísica. Dessa forma, percebemos que a nova tarefa atribuída pela reconfiguração da metafísica é necessidade de se voltar inúmeras vezes à sobre o mesmo caminho, pois se percebe que não conduz até que ponto se quer chegar (KrV, B XIV-XV). Nota-se, portanto, que a razão não pode ser abolida ou ignorada, mas sim criticada. Destarte, a finalidade da metafísica é alcançar o uso legítimo da razão humana.
Com a filosofia crítica de Kant, nota-se a crítica do dogmatismo e o limite do conhecimento. Segundo Kant,
a razão humana tem peculiar destino, em um dos gêneros de seus conhecimentos, de ser atormentada por perguntas que não pode recusar, uma vez que lhe são dadas pela natureza da própria razão, mas que também não pode responder, posto ultrapassarem todas as faculdades da razão humana (KrV, A VII-VIII).
Essa crise apresentada por Kant no prefácio A da Crítica da Razão Pura se dá pelo fato do filósofo alemão fazer “referência ao problema antinômico, cuja origem reside na operação de totalização das condições requeridas pelo conhecimento de experiência efetuada pela razão” (Figueiredo, 2016, p.53). Portanto, percebemos que a razão o guia para conflitos lógicos, ou seja, esse conflito lógico enreda em antinomias[2]. Assim, percebemos que a filosofia kantiana apresenta não só os conflitos em relação às antinomias, mas também em relação aos dogmatismos.
Assim, percebemos a finalidade da metafísica kantiana e as inúmeras implicações que podem ser feitas em relação às críticas apresentadas pelo autor. Assim, segundo Kant, o “cânone é o conjunto completo dos princípios a priori do uso correto de certas faculdades de conhecimento em geral” (KrV, B 824). Dessa forma, pode-se “explicar a progressão da razão para além da experiência na qual ela busca encontrar um objeto para seu interesse especulativo” (Figueiredo, 2016, p.64). Assim, a metafísica antes de Immanuel Kant era entendida como conhecimento das coisas em si (como Deus, mundo, seres humanos, dentre outros). Pós Kant, percebemos a reviravolta da metafísica. Dessa maneira, percebemos com o cânone da razão que a metafísica é reorientada, deixando assim de ser uma ciência dogmática e tornando-se uma ciência crítica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, após a análise da Crítica da Razão Pura, torna-se evidente que a discussão em torno da metafísica consiste não apenas em definir o objeto de sua investigação, mas sobretudo compreender os limites e as condições de possibilidades da razão humana mediante as questões que são inevitáveis. Desse modo, a metafísica, longe de ser ilimitada, revela-se como disposição natural da razão humana. Assim, o espírito humano é constantemente impelido a interrogar-se sobre o incondicionado, em termos kantianos. Logo, somos impelidos a interrogar-se sobre as antinomias da razão, mesmo que não possamos dar respostas afirmativas sobre tais questões. Logo, Kant reconfigura a metafísica, não a destruindo, mas lhe conferindo um novo estatuto epistemológico. Nota-se, portanto, que o filósofo de Königsberg está preocupado em deixar o dogmatismo que pretende conhecer o transcendente, e propõe assim uma ciência crítica. Logo, Immanuel Kant afirma a necessidade de que o papel central da metafísica é estabelecer as condições de possibilidade do conhecer.
REFERÊNCIAS:
ARISTÓTELES, Metafísica. Tradução Marcelo Perine. 2.ed. São Paulo: Edições Loyola: 2002. 2v
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Trad: Fernando Costa Mattos 4 e.d. Petrópolis: Vozes, 2015.
KANT, Immanuel. Prolegómenos a Toda Metafísica Futura. Trad: Artur Mourão. Lisboa: Edições 70, [1783].
CAYGILL, Howard. Autonomia. In: CAYGILL, Howard. Dicionário Kant. Ed. Tradução: Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
FIGUEIREDO, Vinícius Berlendis de. Reflexão na Crítica da razão pura. Studia Kantiana, [S. l.], v. 14, n. 20, p. 51–77, 2016. DOI: 10.5380/sk.v14i20.89098. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/studiakantiana/article/view/89098. Acesso em: 26 ago. 2025.
CORÔA, Pedro Paulo da Costa. Projeto Crítico e o Romantismo de Novalis. Studia Kantiana, [S. l.], v. 17, n. 2, p. 43–62, 2023. DOI: 10.5380/sk.v17i2.89931. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/studiakantiana/article /view/89931. Acesso em: 27 ago. 2025.
GAVER, C. Allgemeine deutsche Bibliothek. Berlin,1783. In: Rezensionen zur kantischen philosophie, 34-55. Edit. por Albert Landau. Bebra, Albert Landau Verlag, 1991. The Garve Review of the Critique of pure reason. In: Kant, Prolegomena to Any Future Metaphysics. Edit. e trad. para o inglês por Günter Zöller. New York, Oxford University Press, 2004.
HEIDEGGER, M. “Anhang IV. Davoser Disputation zwischen Ernst Cassirer und Martin Heidegger”. In: HEIDEGGER, M. Kant und das Problem der Metaphysik. Frankfurt: Vittorio Klostermann, 1991.
MATTOS, F. C. “Intersubjetivismo versus subjetivismo? Algumas considerações sobre a controvérsia Habermas-Henrich a partir das ‘Doze teses contra Jürgen Habermas’”, Cadernos de Filosofia Alemã, 14 (2009): 55-83.
PASCAL, Georges. Compreender Kant. Petrópolis: Vozes, 2011.
REALE, Giovanni, Metafísica: sumário e comentários. São Paulo: Edições Loyola: 2002.
SANTOS, Paulo R. Licht dos. Algumas observações sobre a Dialética Transcendental: o fim da Crítica da Razão Pura. Studia Kantiana, [S. l.], v. 6, n. 6/7, p. 135–179, 2008. DOI: 10.5380/sk.v6i6/7.88498. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/studiakantiana/article/view/88498. Acesso em: 22 ago. 2025.
TREVISAN, Diego Kosbiau. Sentidos de metafísica na filosofia crítica de Kant. Studia Kantiana, [S. l.], v. 12, n. 17, p. 104–125, 2014. DOI: 10.5380/sk.v12i17.88902. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/studiakantiana/article/view/88902. Acesso em: 22 ago. 2025.
[1] Metafísica: a palavra pode ser entendida com o sentido de “para além da física”. Está palavra é cunhada pelo descobridor desta obra. Aristóteles escreve a filosofia primeira, ou seja, a metafísica, sendo organizada por Andrônico de Rodes. O termo metafísica surgiu com o decorrer da história apresentando em seu significado as realidades que estão para além das realidades físicas. Aristóteles deu quatro definições à metafísica: “a metafísica indaga as causas e os princípios primeiros ou supremos, o ser enquanto ser, a substância, Deus e a substância supra-sensível” (Reale, 2002, p. 179).
[2] Antinomias da razão são “uma forma retórica de apresentação […] na qual argumentos opostos são apresentados lado a lado. A forma foi largamente usada na jurisprudência do século XVII para assinalar as diferenças entre leis decorrentes de choques entre jurisdições legais. Kant usa na forma ‘dialética’ de cada uma das três críticas como parte essências de sua análise de ‘asserções dialéticas’. A forma é apropriada para esse fim, dado que pode mostrar a razão fazendo referências opostas, mas, no entanto, igualmente justificáveis” (Caygill, 2000, p.28).