Wilhiam Luiz de Lima
Emmanuel Levinas nasceu em 1906, na República Lituânia, de família judaica. Mudou-se jovem para Estrasburgo, onde estudou filosofia e teve contato com importantes personalidades filosóficas. Seu itinerário acadêmico passou por contato com estudos de Husserl e Heidegger. Sua filosofia é fruto de tensão de vida, sofrimento pessoal e de um povo diante da violência ao diferente. Ele tem pensamento profético, não no sentido religioso, mas denuncia algo negativo e anuncia algo novo ou uma saída. Sua obra valoriza o outro e assim estreia sentidos social e humano para sobreviver e conviver em novos tempos.
Não se pode compreender o rosto, ele engloba Outrem, ou seja, não pode ser objetivado, mas transcende toda significação que se queira atribuir-lhe. O eu não nega o Outrem, o rosto. O Outrem é transcendente, estranho, seu rosto rompe com o mundo comum que se inscreve em sua natureza e se desenvolve em nossa existência. O Outrem é percebido pela diferença absoluta, instaurada pela linguagem. O rosto é mais que a exposição de algo humano que escapa, ele se revela constantemente
A linguagem é a relação (e possibilita-a) entre separados; ela é o “próprio poder de quebrar a continuidade do ser” (LEVINAS, Totalidade e Infinito, p.174). A palavra, dirigida a Outrem, tem-no não como tema e sim significação, falar com o outro é falar a ele.
Na relação, o outro é absoluto, ele nunca é reduzido, por isso ele se torna ‘infinito’, cuja ideia mantém sua exterioridade. Desse infinito é que deriva a exterioridade, que é a ruptura e o limite da totalização; a alteridade, a relação com o outro, com o todo outro; e o rosto, propriamente, como revelação do estranho e abertura ética por excelência (PELIZZOLI, Notas para compreender Levinas).
A relação ética que está na base do discurso não como desejo ou imperativo da consciência, mas cuja emanação parte do Eu. Ela questiona o eu cuja impregnação parte do outro. A relação ética não é do sujeito (de mim), nem fruto do consentimento. O outro se evidencia e, por isso, está no mundo, cabendo-lhe o respeito ético, que não lhe é devido por simples vaidade pessoal. A relação e o respeito ético, se assim se pode dizer, brotam da pura relação com o outro, que se volta ao eu possibilitando a convivência.
O outro, que é evidenciado – e tematizado por Levinas – pelo rosto não pode ser dominado ou oprimido; ele resiste à apropriação e desafia a opressão, o desejo de dominá-lo e a delimitá-lo. O rosto convida à relação com ele, mais que por fruição e conhecimento, ou seja, eticamente.
O “não matarás” está inscrito no rosto do outro, sendo-lhe expressão original, como interdito – sobretudo ao assassinato. Essa expressão brilha no rosto do outro, em seus olhos, em sua abertura transcendental.
Não existe o direito, por parte de ninguém, de findar a vida do outro por apropriação. Não se tem o direito de tirar a vida do outro, negando-o. E a negação do outro, segundo Levinas, somente pode ser total, ou seja, o assassinato. O assassino deseja negar o outro totalmente. “Matar não é dominar mas aniquilar, renunciar em absoluto à compreensão.” (LEVINAS, Totalidade e Infinito, p.177) O matar,então, não é apenas isolar o outro, negar-lhe autonomia, mas de forma radical, tirar-lhe a vida.
O rosto exprime-se no sensível, e rasga-o, para usar uma expressão levinasiana. Sua alteridade é o que se nega ao matá-lo, foge-se dessa alteridade, daí dar a ela um fim completo e fatal. O outro ultrapassa os poderes e não se opõe a um possível assassinato, ou fim, apenas por si só impõe resistência. Por isso “Outrem é o único ser que eu posso querer matar” (ib., p.177). “Outrem, que pode soberanamente dizer-me não, oferece-se à ponta da espada ou à bala do revólver e toda firmeza inabalável do seu <para-si> com o não intransigente que opõe, apaga-se pelo facto de a espada ou a bala terem tocado nos ventrículos ou nas aurículas do seu coração” (ib., p.177).
“Há uma relação, não com uma resistência muito grande, mas com alguma coisa de absolutamente Outro: a resistência do que não tem resistência – a resistência ética” (ib., p.178). A manifestação, epifania do rosto, é ética. O simples fato de o Outro existir, e por isso vir ao eu, é ética. “O infinito apresenta-se como rosto na resistência ética que paraliza os meus poderes e se levanta dura e absoluto do fundo dos olhos, sem defesa na sua nudez e na sua miséria” (ib, p.177). A resistência ética é existente, mas o outro a faz não por vontade consciente própria e desejada, mas como que por direito intrínseco e natural, ao qual o eu se resigna e deve aceitar. Para Levinas, a ética não é ser bom ou moralista. Trata-se, porém, de uma estrutura que mantém a vida em cuja raiz se depende do outro e da alteridade revelada sempre pelo rosto (PELIZZOLI).
A ética de Levinas se revela com grande pertinência. Sobretudo quando a violência, o aborto, o assassinato insistem em se tornarem banais. O outro, sobretudo o mais inocente, se desvela diante do eu com todos os seus direitos, e deve ser respeitado e considerado. O outro exige por si postura ética. A alteridade ética proposta por Levinas, sobretudo em tempos de crítica à técnica e à reificação do homem, desperta para a valorização do outro, como reconhecimento, respeito e igualdade. E o outro está sempre evidente.
Referências
COSTA, Márcio Luis. Levinas: uma introdução. Trad. J. Thomaz Filho. Petrópolis: Vozes, 2000.
LEVINAS, Emmanuel. Toltalidade e infinito. Trad. José Pinto Ribeiro. Lisboa: Edições 70, 1988.
PELIZZOLI, Marcelo. Notas para compreender Levinas. In: SOUZA, Ricardo Timm de, et al. Alteridade e ética: obra comemorativa dos 100 anos de nascimento de Emmanuel Levinas. Porto Alegre: Edipucrs, 2008, p. 273-291.
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semelhança que deus deu ao homem de natureza terrena em busca da natureza divina ,tendo como unico esférico acima da estrutural corporal do ser humano em equilibrio pela vida ,atraves de duas janelas da alma aos olhos acesso ,com imaginaçaõ fertil de asas de querubins ao par de sobrancelhas ,lapidadas e esculpidas por fernando deline marques ,repeitando a geometria do rosto e seus pontos a sua formação e estrutura aos seus limites pela imagem de base em evolução ao tempo.
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Bom dia, sou Marcio, estudante de Timor. Depois de ter lindo este explicação fiquei muito compreender o assunto de Lévinas.
Pessoalmente, neste mês vou apresentar a minha monografia de Filosofia neste minha Alma-Mater, na Escola superior de Filosofia em Timor.
Peço sinceramente a vossa ajuda e a vossa disponibilidade neste momento da minha miséria em monografia.
A minha preocupação é: Eu tenho medo para apresentar a minha monografia sobre Lévinas, a razão:
1.Sobre o seu pensamento da ética
2.Sobre a relação do Outro e Outrem
3.Sobre a Justiça segundo Lévinas, e etc..
Por isso, com humildade, peço a vossa disponibilidade para me ajudar fazer leitura sobre a minha monografia se tenha alguns erros neste minha escrita sobre o pensamento de Lévinas.
Pela vossa disponibilidade, ficarei eternamente agredecdo, espero me da resposta atravéz no meu email.
Abraço