Adriano Miguel Silva
John Locke (1632–1704), pensador inglês, foi o fundador do empirismo crítico e também o primeiro a formular o problema “crítico” do conhecimento, em sua obra Ensaio sobre o entendimento humano, nesta obra ele critica os seguidores dos pensamentos cartesianos, não critica somente eles, mas também todos os que sustentavam a presença de conteúdos (princípios) inatos na mente humana desde o primeiro momento da existência, ou seja, o individuo já nasce com esses princípios.
John Locke, inserido no período moderno e estando na linha dos pensadores empiristas, critica a idéia do inatismo. Isso ocorre porque para ele a fonte do conhecimento parte e deriva exclusivamente da experiência. Na visão de Locke a mente do ser humano recém nascido é como um papel em branco (tabula rasa). Somente com o decorrer de sua existência é que o homem, através das percepções dos objetos sensíveis, vai adquirindo o conhecimento, e com isso esta folha em branco (que foi comparada com a mente) vai deixando suas marcas. Este autor afirma que o conhecimento humano é adquirido em partes;por um lado surge através das percepções das coisas sensíveis que são experienciadas pelos sentidos, por outro lado surge da percepção de processos psíquicos em nosso interior que é chamado também reflexão.
A teoria dos empiristas muito contribuiu para a compreensão do ser humano hoje, numa realidade em que o homem não se contenta somente com aquilo que é determinado, como na concepção do inatismo. Ao contrário, o homem busca conhecer, a medida que conhece, este conhecimento adquirido ainda não é o suficiente para ele, pois deseja sempre algo mais. Se o homem ficasse “preso” na concepção cartesiana do inatismo, ele se aniquilaria, porque seu conhecimento seria limitado. Não haveria, assim, uma abrangência no seu ato de conhecer.
O homem apresentado pelos empiristas é aquele que busca conhecer e fixar tudo que é percebido pelos sentidos em sua mente. Vê o quanto os seres humanos, nas suas capacidades intelectuais almejam conhecer e desvendar as inúmeras indagações que são próprias de seu estado humano. E estas inquietações, indagações vão sendo sanadas à medida que o homem através da experiência vai dissecando o objeto percebido, desejado e isso se torna conhecimento.
Outro aspecto muito presente na realidade hoje, principalmente em se tratando de conhecimento, é o avanço das técnicas, das grandes revoluções. È muito destacado o papel da ciência, que busca conhecer tudo através da experienciação, na dissecação do material pesquisado. Usando a experiência, ela busca desvendar as coisas até então desconhecidas que estão fora de nossas percepções, e busca conhecer as coisas impossíveis de serem conhecidas empiricamente, como os transcendentais. Somente quando experimentada e concluída sua pesquisa, o objeto da ciência é demonstrado como algo existente. Caso contrário, não tendo uma resposta significativa, eles buscam outros meios de conhecer e demonstrar o objeto como algo existente.
A experiência apresentada por Locke é a percepção direta e real do objeto que quando o percebo, automaticamente a mente é marcada por esta experiência, e com isso se forma a idéia desse objeto percebido, não sendo necessária uma nova experiência.
Assim sendo, percebe-se que o homem pelas suas faculdades racionais, que o determina como ser humano, não pode ser “aprisionado” na questão do conhecimento não pode ser reduzido à concepção cartesiana de inatismo, pois o homem que conhece tem necessidade ainda mais de conhecer. Ele não se daria por satisfeito, se o seu conhecimento já fosse determinado, presente nele sem que ele soubesse. Ele é movido internamente pelas indagações, e busca de qualquer forma dar respostas a estas. É por isso que Locke afirma que é através da experiência que o homem chega ao conhecimento das coisas sensíveis, e das coisas referentes à reflexão (sua interioridade).
Referências
LOCKE, John. Ensaio sobre o entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1997.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: de Spinoza a Kant. 2ª ed. São Paulo: Paulus, 2007.
ZILLES, Urbano. Teoria do conhecimento e teoria da ciência. São Paulo: Paulus. 2005.
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Eu concordo com o pensamento de jhon Locke ele tem razão em falar que os humanos só aprendemos a ter conhecimentos com o passar do tempo