João Paulo Rodrigues Pereira
Introdução
Desde as origens da filosofia na antiga Grécia, a capacidade cognitiva do homem vem sendo uma questão que inquieta os filósofos. Será que o homem é capaz de conhecer a verdade? Será que o homem é capaz de conhecer as coisas na sua plenitude? Até onde a razão consegue apreender a realidade? Estas são algumas questões que se pode fazer a cerca da capacidade cognitiva do homem. Porém, diferente da filosofia Grega no período clássico e dos filósofos racionalistas do período moderno, que acreditavam na capacidade da razão de conhecer a verdade, alguns filósofos fazem uma crítica sobre está capacidade. Duvidando assim do poder de conhecimento da razão, colocando em xeque a validade do conhecimento abstrato. Entre eles pode ser citado Schopenhauer e Nietzsche.
Tanto Schopenhauer como Nietzsche fazem uma crítica ao conhecimento proveniente da razão, o conhecimento abstrato. “Nietzsche em seu livro Sobre a verdade e mentira no sentido extra-moral, questiona a validade do conhecimento abstrato e faz uma reflexão a respeito da capacidade intuitiva” (PASCHOAL; FREZZATTI JR, 2008, p. 320). Já Schopenhauer no Livro I de O Mundo como vontade e representação “investiga a concordância do saber racional e aponta um conhecimento mais puro, desprovido da linearidade lógica e dos recursos da linguagem, justamente a intuição” (ibidem, p. 314). Assim, os dois filósofos não concebem o saber abstrato proveniente da razão como um conhecimento seguro da realidade.
No entanto, diferente de Schopenhauer que acredita que o conhecimento verdadeiro e puro das coisas se dá por meio da capacidade intuitiva. Para Nietzsche não há conhecimento verdadeiro, o homem não consegue conhecer a verdade das coisas. Mas assim como Schopenhauer, Nietzsche vê a intuição como condição necessária para o conhecimento abstrato, sendo ela o primeiro contanto da mente com a coisa, e através dela a razão tem contato com o mundo objetivo.
Deste modo, propõem se neste artigo, mostrar sob o viés de Schopenhauer e de Nietzsche a construção do conhecimento humano. E como a intuição pode ser a condição necessária para o conhecimento abstrato. Avaliando primeiro o pensamento de Schopenhauer para assim chegar ao pensamento de Nietzsche.
1. Construção do conhecimento em Schopenhauer
Ao contrário da filosofia tradicional, Schopenhauer não mais identifica o homem como ser unicamente racional, movido pela razão. Mas sim, um ser movido pela vontade [1]. Por isso, ele questiona o valor do conhecimento abstrato. A razão não é mais confiável, ela necessita dos conceitos para construir o conhecimento e o conceito não consegue apreender a realidade de cada coisa em sua particularidade. Desta forma ele aponta a intuição como forma mais pura de conhecer a realidade objetiva. Ela é um conhecimento instantâneo e imediato desprovido de conceitos e de qualquer forma de julgamento:
A intuição produz um conhecimento efetivo a partir da percepção do objeto pelos órgãos sensoriais e pela impressão deste no cérebro, sendo um conhecimento instantâneo e imediato. Quando intuímos um objeto não há qualquer forma de julgamento, intuímos a sua figura exclusivamente e particular. (ib., p. 317)
A intuição é o primeiro contato da mente com a coisa. Ela representa a imagem da coisa na mente, sem nenhum julgamento. Desprovida de conceitos, esta imagem é capitada a partir do próprio objeto. Por isso para Schopenhauer a intuição é um conhecimento puro, pois ela é fiel à coisa em sua particularidade. “A intuição se basta por si mesma. Por conseguinte, tudo que se origina puramente dela a ela permanece fiel, como a autêntica obra de arte, nunca pode ser falso ou contraditório pelo tempo, pois lá não há opinião alguma, mas a coisa mesma” (ib., p. 317).
Para Schopenhauer a intuição é a detentora da realidade (ib., p.319). Ela é a representação do mundo material, é tudo aquilo que aparece como figura para o entendimento. Mas para entender melhor a intuição é preciso compreender duas faculdades distintas do intelecto que é: o entendimento e a razão. Estas fundamentam todo o processo de conhecimento do homem.
O entendimento é a base tanto do conhecimento intuitivo quanto do conhecimento abstrato, proveniente da razão. A Partir da intuição a mente tem o primeiro contato com a realidade, mas a percepção, a representação, da coisa intuída só se dá pelo entendimento. O conhecimento intuitivo é apreendido pelo entendimento, onde se encontra as categorias de espaço e tempo [2]. Estas categorias são as condições básicas para que a coisa intuída seja representada pelo entendimento na mente. Depois de representada a razão conceitua está representação, formando assim o conhecimento abstrato. Mas o que o entendimento representa é a percepção da causa e do efeito do objeto: “No entendimento o espaço e o tempo se unem possibilitando a condição básica de todas as representações, isto é, a percepção da causa e do efeito de um objeto” (ib., p 315). Tudo se relaciona na mente pela causalidade que se encontra no entendimento.
No entanto, o entendimento não é uma faculdade peculiar do ser humano. Mas uma faculdade que existe em todos os animais. E muitas vezes ele é mais puro nos animais do que no homem. Pois no homem o entendimento se apóia na razão. Um bom exemplo para demonstra a ação do entendimento nos animais é: “o caso do elefante que evitou passar sobre uma ponte, pois previu que seu peso a derrubaria” (Genealogia da Moral, p 315). O entendimento sem a ação da razão é mais puro. Sendo que a razão trabalha com conceitos e estes empobrecem o entendimento. “È importante salientar que a faculdade do entendimento é uma exclusividade da filosofia de Kant, para ele: Todos os fenômenos, que o homem encontra, são determinados e concebidos de acordo com as formas de visão do entendimento”( ZILLES, 2008, p. 85)
Tendo entendido a faculdade do entendimento, cabe a gora conhecer a faculdade da razão. Como se sabe ela é uma faculdade exclusiva do homem. E tem como função ordenar o conhecimento intuitivo. Por isso para Schopenhauer “a razão é de natureza feminina, pois só pode dar depois de ter recebido” (PASCHOAL; FREZZATTI JR, 2008, p. 316). Isto é a razão depende do entendimento para formar o conhecimento abstrato. “Só é possível o saber abstrato, isto é, proveniente da razão graças ao entendimento, pois é a partir dele que se pode ter o conhecimento da matéria” (ib., p.316). Assim, também a razão é dependente da intuição .
A razão só forma o conhecimento abstrato a partir de conceitos. Mas os conceitos tendem a caracterizar o conhecimento intuído. E esta caracterização empobrece o conhecimento, devido à pobreza dos conceitos. Também os conceitos fazem uma generalização da coisa. Ou seja, eles não conseguem apreender a particularidade de cada objeto. E assim acontece a degradação do conhecimento intuído. “Para Schopenhauer, no momento em que caracterizamos a realidade intuída, ou seja, quando a transformamos em conceito, há inevitavelmente uma degradação do conhecimento devido à escassez dos recursos lingüísticos e da conseqüente generalização obtida por ela” (ib., p.316).
Com isso, a razão trabalha com conceitos para formar o conhecimento abstrato. Mas para forma um conceito a razão precisa fragmentar várias representações intuídas. E assim através de um agrupamento de informações forma-se o conceito do objeto. Tendo-os, assim, como qualidades diferentes do que está intrínseco no objeto. Isto é, o conceito não consegue expressar a coisa mesma, isto só à intuição. Por isso, o conhecimento abstrato não é um conhecimento puro da realidade. Sendo que ele passa por um processo enorme até ser formado. E seu conteúdo está sempre em referência a outro conteúdo, o da intuição, e não ao próprio objeto, como segue:
A formação do conceito, portanto, só se dá a partir do agrupamento de uma serie de informações adquiridas pela intuição podendo ser interpretada como uma representação da representação, pois seu conteúdo está em referência à outra representação (intuitiva) constituindo-se, assim, numa copia flagelada do conteúdo intuitivo. (ib.)
Para Schopenhauer, o conhecimento abstrato não está destinado a conhecer a realidade, mas sua função é a comunicabilidade e a praticidade. Com isto, fica claro que a razão tem um caráter instrumental. O conhecimento intuído só pode ser usado na vida prática através da conceituação dada pela razão, formando assim, o conhecimento abstrato. O que corresponde à realidade do objeto são as representações intuitivas. Estas por sua vez precisam da razão para expressar o seu conteúdo. Porém, este conhecimento intuitivo só consegue conhecer no particular, um objeto de cada vez: “As representações intuitivas correspondem à realidade do objeto, todavia seu conhecimento só vale no caso particular, pois a sensibilidade e o entendimento só podem conceber um objeto por vez” (ib., p. 318).
Deste modo, para Schopenhauer a intuição é a forma mais pura de conhecimento da realidade. Ela produz um conhecimento real da coisa. Através dos órgãos sensoriais a intuição representa o objeto na mente que é apreendido pelo entendimento. Em seguida a razão conceitua o objeto, formando o conhecimento abstrato. Tendo como escopo a comunicação e o auxílio na vida prática.
Assim, mais do que explicar o processo do conhecimento humano, Schopenhauer quer mostrar um conhecimento mais puro da realidade, um conhecimento distante da razão, um conhecimento que consegue conhecer as coisas na sua plenitude, que é o conhecimento intuitivo. Mas mesmo que a intuição é a possuidora da realidade, ela só é fenômeno, ou seja, não corresponde ao objeto em si, este é conhecido pela idéia o que é analisado no segundo livro da obra O mundo como vontade e representação.
2. O problema do conhecimento abstrato em Nietzsche
Em Nietzsche, assim como em Schopenhauer, há um questionamento sobre a validade do conhecimento abstrato. Porém ao invés de analisar o processo cognitivo, Nietzsche analisa até onde a linguagem é capaz de expressar a realidade. Deste modo, ele tenta demonstrar que tudo que o homem conhece são antropomorfismos criados pelo intelecto. Isto é, o intelecto cria formas para as coisas. Esta noção do intelecto coincide com a hipótese de Schopenhauer, de que a razão é um instrumento para auxiliar a vida do homem.
O intelecto é concebido, por Nietzsche, como meio de conservação do indivíduo. Ou seja, algo que protege o indivíduo, que dá segurança a ele. Assim como os animais tem seus meios de defesa: as garras, presas, unhas, chifres etc. “O intelecto como meio de conservação do indivíduo, desdobra suas forças mestras no disfarce; pois este é o meio pelo qual os indivíduos mais fracos, menos robustos se conservam, aqueles aos quais está vedado travar uma luta pela existência com chifres ou presas afiadas” (ib., p. 320). Trata-se de um mecanismo de defesa a qual existe para garantir a existência da raça humana. Por isso, Nietzsche, concebe o conhecimento que provem dele como utilitário. Necessário somente pela necessidade que o homem tem de se comunicar, por causa da vida social. “Sendo assim, todo o conhecimento advindo do intelecto possui somente um caráter utilitário, principalmente no que diz respeito à linguagem e à importância desta para a vida gregária, uma fez que para viver em conjunto é necessário comunicar-se e fazer-se entender” (ib., p 321). Diante desta necessidade da comunicabilidade do ser humano se desenvolve a linguagem, como instrumento para suprir esta necessidade. Porém, para Nietzsche seria um absurdo dizer que ela consegue transmitir um conhecimento seguro da realidade do mundo.
Diferente de Schopenhauer, que enumera as faculdades do intelecto como entendimento e razão, Nietzsche não se atem a estes detalhes do intelecto. Mas concebe o conhecimento do intelecto como metáforas criadas. São os antropomorfismos do intelecto. Metáforas estas que não conseguem assemelhar-se a realidade da coisa. Nem mesmo o primeiro contato do sujeito com o objeto, através da sensibilidade, consegue captar a realidade da coisa. Este primeiro contato da mente com o objeto é chamado metáfora intuitiva ou primeira metáfora. Ela distorce a realidade porque a parti desta metáfora o intelecto cria uma imagem na mente. Mas esta metáfora é uma criação individual e única do objeto. Ou seja, mesmo que a metáfora intuitiva distorça a realidade ela é o conhecimento mais puro do intelecto. “A metáfora intuitiva, como é uma criação natural do intelecto que contém um saber individualizado e único em referência ao objeto” (ib., p.323). A metáfora intuitiva coincide com a representação da intuição em Schopenhauer.
Em Nietzsche a metáfora intuitiva não se identifica com o objeto, pois não há percepção como em Schopenhauer, mas sim criação. Quando se tem contato com um objeto são lançados no cérebro informações, derivadas da sensibilidade, estas não tem nenhuma relação com o objeto. “No momento em que temos contato com o objeto, automaticamente, criamos a suas qualidades que não são necessariamente condizentes com a natureza” (ib., p 322).
Assim, em Nietzsche a intuição não consegue conhecer a realidade objetiva. E isto difere do pensamento de Schopenhauer. Mas algo comum no pensamento dos dois, é que a intuição é à base do conhecimento abstrato. Pois é o primeiro contato da mente com a coisa. Outra coisa que eles têm em comum é a concepção da linguagem como degradação da intuição por meio do conceito. “Em sobre Verdade e mentira, Nietzsche assimila a idéia proposta por Schopenhauer do processo degenerativo da intuição pela postulação de um conceito” (ib., p.322).
A metáfora intuitiva é uma imagem criada pelo intelecto como se segue: “mesmo num primeiro contato do homem com o objeto, cujo ponto de partida é sempre a sensibilidade corporal, já ocorreu uma distorção da realidade, pois os nossos estímulos nervosos criam subjetivamente uma imagem (metáfora intuitiva)” (ib., p,.321). Toda fez que se cria uma imagem, cria-se uma imagem única, que não se repete. Porém, diante da necessidade de comunicá-la, suas particularidades se perdem. Pois os conceitos empobrecem a metáfora devido à caracterização generalizada da coisa feita pelo conceito. Isto é, os conceitos não conseguem apreender as particularidades de cada coisa.
Um dos exemplos utilizados por Nietzsche é a criação da palavra folha, de fato nos é claro que nunca uma folha é exatamente igual à outra, mas arbitrariamente nós a identificamos como iguais esquecendo suas peculiaridades como as diferentes tonalidades e texturas. A palavra aos olhos de Nietzsche fixa as nossas impressões imediatas deixando-as frias e descoloridas. (ib., p.324)
Deste modo, o conceito para Nietzsche está num grau inferior de conhecimento. Mas tanto ele como Schopenhauer reconhece o valor do conceito, pelos seus fins práticos. O grande problema acontece quando o homem toma o conceito como um conhecimento verdadeiro, capaz de exprimir a realidade objetiva. O conceito, a linguagem, não se aproxima do objeto, pois passa por um processo longo desde a primeira metáfora até ser formado. O conceito é a terceira metáfora. È importante lembrar que para Nietzsche não é possível conhecer a coisa em si, ou seja, não há conhecimento verdadeiro.
Conclusão
Portanto, depois de ter percorrido este processo de construção do conhecimento abstrato tanto em Nietzsche como em Schopenhauer. Observa-se que a intuição é o iniciante do processo cognitivo. E a razão em Schopenhauer, e o intelecto em Nietzsche, não são considerados um conhecimento seguro da realidade. Pois, a realidade representada pela intuição sofre uma degradação quando transformada em conceito pela razão. Através dos conceitos a realidade é caracterizada de uma forma generalizada, não observando a particularidade de cada coisa.
Assim para Schopenhauer a intuição é um conhecimento puro. A percepção do objeto dada pela intuição se iguala ao objeto. Porém em Nietzsche a metáfora intuitiva não se iguala a realidade. Pois no intelecto não há uma percepção, mas sim uma criação. Mas a intuição não deixa de ser o conhecimento mais puro da realidade objetiva.
Assim, fica claro, que a intuição é o iniciante do processo cognitivo. E que a razão ou o intelecto tem seu valor unicamente como instrumento da vida prática. Isto por causa da necessidade de comunicabilidade do homem diante da vida social.
Referências
BARBOSA, Jair. Schopenhauer: a decifração do enigma do mundo. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1997.
PASCHOAL, A. E., FREZZATTI JR, W. A. (org.). 120 anos de Para a Genealogia da moral. Ijuí: Unijuí, 2008.
ZILLES, Urbano. Teoria do Conhecimento e Teoria da Ciência. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2008.
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[1] Pode considerar-se a realidade sob duas diferentes perspectiva:s como representação e como vontade. Como representação o mundo é cognoscível racional, mas o mundo como vontade permanece obscuro. O mundo como vontade e representação é um principio universal que também vale no reino anorgânico. A vontade é a força que leva a planta a florir. A vontade está no peixe que quer viver na água. Vontade é a garra da ave de rapina que quer comer sua presa. (ZILLES, 2008)
[2] O sujeito possui três formas puras de conhecimento, todas inatas, presentes nelas desde o nascimento e que possibilita a apreensão do mundo circundante, são: o tempo, o espaço e a causalidade, espécie de “óculos intelectuais”, para se conhecer as coisas, vê-las tais quais aparecem. Situada num dado espaço, num dado tempo, envolvidas pela causalidade. Causalidade – todo acontecimento possui um fundamento, uma razão de ser. (BARBOSA, 1997)
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caro joão paulo,
o pensamento nietzscheano é encantador e ultrapassa shopenhauer, pois se trata de um pensamento mais livre e positivo, ao passo que shopenhauer é passivo e pessimista.
Em relação ao seu texto, achei interessante a forma que você expõe a reflexão. Daí, podemos afirmar então que as “verdades são realmente convenções retóricas” como nos afirma o mestre Nietzsche? O que quer dizer isso? Aí confirma a dissolução do conceito em Nietzsche? A partir disso, o que se propõe?
Avante no oceano aberto da reflexão…abs
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Schopenhauer, ao dizer que só o conhecimento intuitivo pode conhecer a realidade objetiva, provavelmente nunca ouviu falar de ilusões de ótica. A intuição está apoiada no sistema nervoso central, e este só capta uma pequena porção de informação do mundo exterior. Para dar um exemplo, o cérebro recebe biliões de bits de informação por segundo, mas só chega à consciência cerca de 200 mil bits nesse mesmo período de tempo. A razão é mais fiável que a intuição.
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Caro Carlos, agradeço pela crítica. Penso que na reflexão filosófica toda crítica é de grande valia, pois nos faz pensar. Quanto as ilusões de ótica não conheço bem, mas sei que para Schopenhauer a intuição é o primeiro contato da mente com o objeto e só depois vem o conhecimento abstrato, da razão. Por isto, a intuição é a unica que pode ter um conhecimento puro da realidade objetiva e a razão precisa da intuição para forma seu conhecimento. Também é bom lenbrar que para Schopenhauer a razão usa de conceitos para construir o conhecimento e este não consegue apreender a realidade objetiva con suas peculiaridades: a palavra folha concerne a todas as folhas, mas cada folha tem particularidade.
Talvez o problema diz respeito a ambiguidade do termo intuição.
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Carlos Costa, Schopenhauer conhecia sim as ilusões de ótica, recomendo a leitura do livro “The world as will and representation”.
Abraço!
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Igualação do não igual em Nietzsche. Não determinação do particular em Schopenhauer. Poderíamos dizer que para Schopenhauer a palavra conhecimento diz respeito apenas ao conhecimento abstrato. É neste sentido que Schopenhauer pode ser aproximado de Nietzsche, pelo menos do jovem Nietzsche. Quanto ao amigo Edir, na filosofia não há superação, pois não há verdade. Neste sentido Nietzsche não supera ninguém, pois para se medir a superação, como pensamento mais completo ou melhor, teria de se ter a medida do que é melhor. Platão não foi superado por Aristóteles, nem por Nietzsche. Voltando ao caso… Schopenhauer jamais diria que a intuição é conhecimento, se fosse assim, os animais também conheceriam… conhecimento é da ordem da razão… essa faculdade que nos distingue dos outros animais… Mas se aprofundar seus estudos sobre o tema, verá que Schopenhauer assume uma posição dogmática e estabelece um parentesco entre as folhas por analogia (metodologia que perpassa todo o pensamento do filósofo). Conhecimento neste sentido não tem haver com verdade, mas sim com demonstração lógica. A verdade é dada pela intuição. Jamais por demonstração. Por isso o velho Schopenhauer afirma que toda demonstração ao final tem de se assentar na intuição. Mas se no final das contas, a verdade já está na intuição, qual a razão de se procurar a demonstração que tem sempre de retornar à intuição? Isso acontece por dois motivos… um pragmático… utilitário… a possibilidade de comunicarmos estados de coisas, fatos do mundo objetivo, uns aos outros a fim de nos organizarmos na sociedade… outro ético… a fim de conseguirmos nos sobrepor às outras pessoas… dirigindo-as, ou seja, exercendo nossa vontade por sobre as outras pessoas, fazendo mal a outras pessoas. Se analisar bem verá que, o Nietzsche de sobre verdade e mentira ainda está totalmente influenciado pelo que Schopenhauer afirmava. Nietzsche contrapõe o homem intuitivo ao homem racional… encontra no esquecimento a origem do impulso à “verdade” (entenda-se verdade racional). Esquecimento que também é origem da demonstração em Schopenhauer, pois é por perder a intuição (esquecer dela) é que o homem procura pela linguagem retornar à ela. E procura isso para poder retornar à todo momento para a mesma intuição…. Mas preciso de um artigo para explicar tudo isso… Quiçá em setembro.