4 Comentários

  1. Maurício de Assis Reis

    O niilismo, um abismo que se abre com a morte de Deus num aparente salto do pensamento moderno para o contemporâneo, parece atingir na veia os pensadores que vieram depois de Nietzsche. O louco que procura no mercado com uma vela um Deus que está morto se assemelha à procura, incrivelmente atual, por um sagrado que marque o sentido, o telos de uma vida moderna sem sentido. Basta ver a pluralidade de igrejas, seitas, religiões de hoje. Ainda existe, contudo, algo que incomoda esse quadro: a transformação do camelo para o leão, onde este último diz “eu quero” contrasta com uma realidade influenciada profundamente pela velocidade do agir e das transformações técnicas e que perde a capacidade de uma reflexão propriamente dita. Questionaria portanto, aos nietzschianos de plantão, por quais caminhos ainda é possível que o leão diga “eu quero” de forma a expressar sua vontade própria, sem a participação nessa vontade dos “preconceitos da mente humana” e assim efetuar a transformação desejada por Nietzsche, a do leão em criança, alcançando a espontaneidade, a criatividade tão enaltecida por esse pensador, que antecipa o caminho da pós-modernidade.

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  2. edir

    caro amigo, sua reflexão ficou interessante, no entanto, essa sua afirmação: “Portanto, o niilismo destrói todos os fundamentos, mas ele é por sua vez, um ‘mal necessário'”, na minha perspectiva, ela é uma agressão ao pensamento nietzscheano. O Niilismo de Nietzsche não destrói nada, mas é o passo fundamental dado pelo pensador depois do processo feito por ele de dissolução do conceito, do sujeito. Trata-se de um “trampolim” para um pensar livre. Daí já começo refletir acerca do comentário acima, inclusive é uma bela reflexão atualizada no horizonte tecno-filolófico. Então, partiria exatamente de um processo maduro de marteladas, isto é, desconstrução do que violentamente é imposto, assumir o vazio que transborda sentido e transvalorar com honestidade intelectual para não cairmos em relativismo, há quem busque uma luz, o nietzscheano constrói seu próprio sol, afirma Nietzsche: “Eis o meu gosto: não é um gosto bom ou mau, mas é o meu gosto, e não tenho que o ocultar nem dele me envergonhar. Este é agora o meu caminho: onde está o vosso? Era o que eu respondia aos que me perguntavam o caminho. Que o caminho, na verdade…não existe!” (ZA, ‘do espírito de pesadume’)

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  3. Marcos

    Niilismo são dois: um passivo outro reativo. O que o amigo esta tratando aí, é de um niilismo que se transforma gradativamente de passivo em reativo. O passo fundamental é elevar o pensamento da reação a uma ação afirmativa, inteiriça, sem o qual é impossível sair do círculo vicioso que gravita entre niilismo passivo e reativo. Este é o princípio básico para compreender o eterno retorno.

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  4. Otávio

    Nosso amigo, o Sr Edir, esta correto em corrigir a afirmação: “Portanto, o niilismo destrói todos os fundamentos, mas ele é por sua vez, um ‘mal necessário’”, considero que para atingirmos tal grau de liberdade no raciocínio, verdadeiramente, o 1º passo é considerar todos os fundamentos que nos impuseram (dogmas religiosos, sociais, etc.) como, e estes sim, um “mal necessário”. Pois deixar de engolir divindades (deuses) ao longo de um caminho de reflexão é muito mais fácil do que aceitar “a existência humana como isenta de qualquer sentido.”(como citado no 1º parágrafo), e aceitar a existência isenta de sentido é aquela história do copo de água pela metade, eu entendo que esta meio cheio outros podem achar que esta meio vazio (para quem esta sedento, dai talvez entender como um mal necessário).
    Exemplo: Sempre considerei a religião mãe de todos os preconceitos e os dogmas sociais o pai de conceitos que não formei, pois prefiro formar meus conceitos e agir com meus preconceitos sem ser preconceituoso, e sem julgar, pois se eu não me permitir mudar não poderei ser mais livre do que já sou.

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